Olá pessoal,
Vocês sabem que analisando o solo é possível saber sobre alterações climáticas que ocorreram a muitos anos trás? Bom, pelo menos é isso o que um grupo de cientistas fizeram, analisaram uma coluna de lama com uns poucos centímetros de diâmetro e quase seis metros de profundidade, coletada por geólogos na mata atlântica da Estação Ecológica Jureia Itatins, no litoral sul de São Paulo. Essa análise revelou a primeira evidência encontrada na costa brasileira da mudança climática global mais radical e repentina que a Terra sofreu nos últimos 10 mil anos!
Juréia |
Segundo a coordenadora do estudo, a geóloga Alethea Sallun, do Instituto Geológico de São Paulo, é muito raro encontrar sinais de um evento relativamente curto como essa mudança climática, que durou menos de 400 anos – um piscar de olhos na história geológica de 4,5 bilhões de anos do planeta. Essa mudança aconteceu devido ao aumento das temperaturas globais no fim da última era glacial, há 11 mil anos, quando as geleiras que cobriam a América do Norte deram lugar a imensos lagos. Em torno de 8.200 anos atrás (pode ter sido algumas centenas de anos antes ou depois), a geleira que represava dois desses lagos se rompeu, descarregando um volume gigantesco de água doce no Atlântico Norte. Num período curto, talvez menos de 10 anos, a mudança abrupta de salinidade do oceano interrompeu temporariamente a corrente do Golfo, que transporta calor dos trópicos para a Europa, congelando o continente e forçando migrações humanas em massa (como já explicamos aqui).
Tempestades... |
Registros geológicos sugerem que a influência dessa mudança abrupta se espalhou rapidamente pelo planeta, causando secas na África e avanços de geleiras na Nova Zelândia e nos Andes. As correntes marinhas alteradas teriam intensificado as chuvas de verão na América do Sul. Além disso, simulações feitas sugerem que litoral do Brasil tenha sofrido uma subida brusca do nível do mar de cerca de um metro! Na verdade, há registros de que o nível do mar da costa brasileira subiu e desceu pelo menos seis vezes nos últimos 10 mil anos, chegando a até cinco metros acima do nível atual cerca de 5 mil anos atrás.
E como se consegue descobrir tudo isso com apenas um cilindro de lama?
Primeiramente de determina as idades da lama pelo método de datação por radiocarbono, os cientistas descobriram que a coluna coletada apresentava uma história contínua da deposição de sedimentos de 9.400 anos atrás até o presente. Mas, enquanto o primeiro metro da coluna guarda informações sobre 7.600 anos dessa história, com pequenas deposições (da ordem de um milímetro por ano), o restante preserva os detalhes de uma quantidade enorme de sedimentos depositada nos 2 mil anos anteriores.
A maior taxa de deposição aconteceu entre 8.385 e 8.375 anos atrás, quando um metro de lama se assentou ali. Os cientistas explicam que não há dados suficientes para dizer exatamente o que aconteceu, mas provavelmente uma grande quantidade de chuva, aliada à elevação do nível do mar, manteve um ambiente de água parada tempo o suficiente para que a deposição acontecesse e fosse preservada.
Isso no faz pensar que é possível que algo parecido com essa mudança abrupta ocorra novamente, caso o aquecimento global provoque o degelo da Groenlândia, como lembra o ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore no documentário Uma verdade inconveniente, de 2006.
Espero que tenham gostado,
Beijos a todos!
Josi
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