07 novembro 2012

Stonehenge tupiniquim!

Olá Pessoal,
O post de hoje é uma sobre uma matéria bem bacana que saiu na edição 186 da Revista Fapesp, quem quiser ver o texto na íntegra clique aqui.

No final do século XIX, o zoólogo suíço Emílio Goeldi fez uma expedição ao rio Cunani (atual norte do Amapá) e encontrou grandes blocos de rocha que pareciam apontar para o céu. Ao longo das seis primeiras décadas do século passado, alguns pesquisadores de renome, também avistaram essas construções humanas com os tais blocos de granito em alguns sítios arqueológicos. Alguns poucos vestígios de cerâmica foi encontrado no local e associado aos megálitos (como são chamadas grandes estruturas de pedra arranjadas ou construídas por mãos humanas) e provou que naquele pedaço quase perdido da Amazônia, apenas uma pequena população de algum povo pré-colombiano deve ter feito sua morada. Estes locais deviam ser usados apenas para fins cerimoniais.

Foto: Arquivo IEPA

Em 2005, um jovem casal de arqueólogos gaúchos, Mariana Petry Cabral e João Darcy de Moura Saldanha, deixou o Sul, se mudou para a capital amapaense e passou a se dedicar ao estudo de alguns 200 sítios pré-históricos do estado, dos quais uns 30 apresentam megálitos. Embora ainda exsita pouca informação sobre a antiga cultura que talhou e ordenou esses blocos de granito, alguns com até 2,5 metros de altura e 4 toneladas, a dupla de pesquisadores produziu uma série de novos dados sobre estas estruturas.
O casal de pesquisadores fizeram algumas análises e estimaram que o local foi habitado há cerca de mil anos. Outros 10 sítios do Amapá, três deles com megálitos, também foram analisados e todos parecem ter sido ocupados entre 700 e mil anos atrás.


Cerâmica aristé e monólito apontando para o sol no dia do solstício (Foto: Maurício de Paiva)  

É relativamente comum que sítios pré-históricos com megálitos exibam evidências de terem sido usados como lugares para observação de algum fenômeno astronômico. Essa é uma das funções que se atribuem comumente ao famoso círculo de pedras de Stonehenge, erigido há 4,5 mil anos no sul da Inglaterra. Seria esse megálito no Amapá um Stonehenge amazônico? As evidências apoiam essa interpretação. Nos últimos anos os arqueólogos realizaram medições  sempre na data de 21 ou 22 de dezembro, que marca o solstício de inverno, e verificaram que um fino monólito parece estar alinhado com a trajetória do sol ao longo desse dia. Ao nascer, o sol está no topo da rocha e, com o passar das horas, vai descendo até morrer na base da rocha. Dois outros blocos de granito, inclusive um com furo feito por mãos humanas, também ocupam posições aparentemente associadas ao movimento do sol  nessa data.
Foto: Mariana Cabral/IEPA

Este local no Amapá e outros sítios com megálitos exibem traços de terem sido usados também como cemitérios, outra característica típica desse tipo de estrutura pré-histórica. Urnas funerárias feitas no estilo cerâmico aristé, marcado por desenhos vermelhos sob um fundo branco ou pontuado por gravuras feitas na argila ainda úmida, foram encontradas nesses locais. Pedaços de vasos decorados, achados junto às urnas, indicam que os mortos podem ter sido enterrados ao lado de oferendas.
Bom, isso pode nos mostrar que por aqui viveram civilações um pouco diferentes dos "índios" aos quais estamos habituados ver...
Espero que tenham gostado!

Beijos a todos,

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