Olá pessoal,
Já falamos aqui sobre o Parque do Varvito, que fica na cidade de Itu. Hoje vamos comentar um pouco mais sobre as rochas presentes lá e como elas podem nos dar informações sobre o passado, devido às marcas que ficaram presentes. E tem tudo a ver também com o campo magnético da Terra! A matéria completa pode ser acessada na Revista FAPESP, clicando aqui.
As marcas do tempo são listras horizontais contínuas nos paredões de rocha, que há décadas
intrigam pesquisadores de diferentes áreas. Por muito tempo a hipótese
mais aceita para explicar essa formação era a de que essas camadas
horizontais se formaram pelo depósito de sedimentos próximo a uma
geleira há cerca 290 milhões de anos, em consequência de variações
climáticas ocorridas naquele período geológico, o Permocarbonífero.
Pensava-se que cada camada se formasse a cada verão, quando a geleira
descongelasse.
Muitos pesquisasdores desconfiavam de que a deposição não era anual,
porque a espessura das camadas varia de 4 a 5 centímetros a quase meio
metro. Para mostrar que essas camadas intituladas como varvito (rocha
caracterizada por camadas de sedimentos depositados anualmente) não
foram depositadas em períodos de um ano, os pesquisadores analisaram
variações do campo magnético da Terra registradas nas rochas. Eles conseguiram determinar como era o campo magnético durante a
formação de cada camada da rocha e compararam com a direção do campo
magnético da Terra naquela época.
Paleomagnetismo: a maneira com que as rochas registram a variação do campo magnético terrestre |
Como não era possível verificar quanto tempo levou a deposição de cada
camada, os pesquisadores usaram o que os especialistas chamam de
“calibração astronômica” para investigar como a inclinação do eixo da
Terra (obliquidade), o movimento dela em torno de seu próprio eixo
(precessão) e a sua órbita ao redor do Sol (excentricidade) – um conjunto de fatores
conhecido como “ciclos de Milankovitch” – poderiam interferir no clima
do planeta. Com isso, identificaram periodicidades de deposição em
escala milenar, relacionadas ao ciclo solar de 2,4 mil anos, e variações
do clima global associadas a mudanças no resfriamento e no aquecimento
abruptos, conhecidos como “ciclos de Bond”, que, até então, eram
considerados restritos ao Quaternário (o último 1,8 milhão de anos).
Excentricidade, obliquidade e Precessão: Os ciclos de Milankovich |
Com o trabalho, a equipe levanta outra questão: os padrões climáticos
que os pesquisadores sugerem para o Quaternário se aplicariam a toda a
história da Terra? O clima flutua naturalmente e o dessa época já era
conhecido, mas determinar a variação cíclica da deposição dos sedimentos
em função de parâmetros climáticos e astronômicos nos ajuda a entender
melhor o que acontece hoje com o planeta.
Um abraço a todos,
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