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28 maio 2013

E a terra treme no Brasil...

Olá pessoal,

Esse mês saiu uma reportagem bem legal na Revista Fapesp (pra ver na íntegra clica aqui), sobre uma nova explicação sobre o porque de termos alguns terremotos no Brasil. Sabemos que o Brasil está localizado no centro de uma placa tectônica e é por isso que não temos tantos terremotos no país, como há em alguns países que estão sobre as áreas de encontro de placas, como o Japão por exemplo, que as vezes fica em destaque na mídia pelos terríveis terremotos que assolam o local.
Placas tectônicas

Porém há terremotos no Brasil, mais fracos, mas tem. Em 2010 houve um forte terremoto (magnitude 5) na cidade de Mara Rosa, cidade do norte de Goiás. Nas semanas seguintes alguns pesquisadores foram pra lá investigar as causas desse terremoto e descobriram que bem abaixo de Mara Rosa, a uns três quilômetros de profundidade, há uma extensa rachadura na crosta terrestre, a camada mais rígida e externa do planeta. E, ao longo dessa fratura que se estende por cinco quilômetros, as rochas haviam se deslocado, fazendo a terra tremer. A identificação dessa fratura não foi uma surpresa para os pesquisadores pois Mara Rosa e outros municípios do norte de Goiás e do sul de Tocantins se encontram em uma região geologicamente instável: a zona sísmica Goiás-Tocantins, que concentra 10% dos terremotos do Brasil. Parte dos geólogos atribui a elevada frequência de tremores nessa área – uma das nove zonas sísmicas delimitadas no país, com 700 quilômetros de comprimento por 200 de largura – à proximidade com o Lineamento Transbrasiliano, uma extensa cicatriz na crosta terrestre que cruza o Brasil e, do outro lado do Atlântico, continua na África. Acredita-se que ao longo do lineamento a crosta seja mais frágil por concentrar blocos rochosos trincados que, sob compressão, se movimentariam mais facilmente produzindo terremotos.


Porém um grupo de pesquisadores Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo (USP) tem outra teoria sobre esses terremotos no Brasil, a partir do levantamento da espessura da crosta terrestre no país, recém-concluído. Eles fizeram medições com equipamentos específicos e descobriram que em algumas áreas dessa zona sísmica a crosta terrestre é mais fina do que em boa parte do país e encontra-se tensionada pelo peso do manto, a camada geológica inferior à crosta e mais densa do que ela. Medições da intensidade do campo gravitacional nessas áreas de crosta fina indicam que, ali, há um espessamento do manto. Essa combinação faz essas duas camadas de rocha vergarem como um galho prestes a se romper. Nessa situação, a litosfera pode trincar como uma régua de plástico que é curvada quando se tenta unir suas extremidades.

Imagem: Ana Paula Campos

De modo geral, a crosta no Brasil tem espessura semelhante à dos outros continentes – em média de 40 quilômetros, medidos a partir do nível do mar. Há algumas regiões no país, porém, em que a crosta chega a ser mais fina do que 35 quilômetros. A existência de uma delas – uma faixa de quase mil quilômetros que vai do pantanal, em Mato Grosso do Sul, a Goiás e Tocantins – ainda não está bem delineada, porque há poucas informações sísmicas disponíveis sobre a região. Já no Nordeste, onde foi feita a maioria dos experimentos de refração sísmica pela equipe de Reinhardt Fuck, da UnB, a incerteza é menor. Ali se localiza a área mais vasta do território nacional com crosta menos espessa: a província de Borborema, bloco rochoso sobre o qual se assentam quase todos os estados do Nordeste, a região com maior frequência de tremores no país. Em alguns pontos dessa região, a crosta tem menos de 30 quilômetros. Esse afinamento parece ter ocorrido entre 136 milhões e 65 milhões de anos atrás, período em que a América do Sul se separou da África.

Espero que tenham gostado,


Beijos

Josi

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