13 fevereiro 2014

Sobre o vestibular e a imposição de um novo estilo de vida

Olá pessoal,

No SNE nós não discutimos apenas solos, mas também muito sobre educação e as formas de melhorar o atual cenário. O texto a seguir foi escrito por um dos nossos voluntários, o José, e trata sobre uma importante parte do atual processo de ensino: o vestibular. Confira:

             "De maneira a contribuir com a reflexão que temos feito sobre o ensino superior e, sobretudo, sobre o INGRESSO nas universidades públicas brasileiras, me desafio a escrever esse texto, em que tentarei trazer algumas reflexões construídas ao longo desses últimos anos de vivência e contato com a realidade de inúmeros jovens que ousam vencer a barreira do vestibular para garantirem um direito.Vale lembrar que não é minha pretensão esgotar o debate e possibilidades acerca do tema.
            Nos últimos três anos atuei como professor em um cursinho de Piracicaba, cursinho esse freqüentado principalmente por estudantes oriundos daquilo que chamamos de classe média/baixa, que em sua grande maioria tiveram sua (de)formação  em escolas públicas com inúmeros problemas estruturais e pedagógicos, pré vestibulandos, que juntamente ao grupo de estudantes vindos do ensino privado não enxergaram ao longo de toda a sua vida  algum sentido sequer em se sentarem em salas de aulas. Nesses três anos pude notar que a cobrança para  passar pelo processo seletivo impõe aos estudantes pós ensino médio, um novo estilo de vida para vencer o vestibular, sendo necessário sacrificar as nossas potencialidades por um determinado período de tempo.
            Façamos um esforço em nossa memória e nos coloquemos novamente no lugar de um estudante que recém saiu do ensino médio. É uma etapa de nossas vidas em que existe uma cobrança externa e interna muito grande, de repente somos obrigados a escolher uma “profissão” que aparentemente nos definirá pelo resto de nossas vidas.
              Essa escolha não é nada fácil, uma vez que já vivemos um pouquinho e lá no fundo já aprendemos que somos seres inacabados em constante formação, em constante mutação. Definir-se assim sem muito conhecer sobre a realidade dos cursos e universidades é uma árdua tarefa, que piora ainda mais quando a família se mostra um personagem que ao invés de apoiar e acompanhar passa a atrapalhar, interferindo nessa decisão de maneira desastrosa, muitas vezes inclusive dando prioridade para profissões de acordo com seu “prestígio” e benefícios financeiros. Após decidido/a ou ainda em indecisão começa a maratona de estudos; serão em torno de 9 meses pra decorar todo o conteúdo do ensino médio, aprender como escrever uma redação nos moldes do vestibular e se decidir, caso ainda não o tenha feito, será um momento em que de certa forma a vida irá parar. Deixaremos de explorar nossas capacidades artísticas, sairemos menos e apesar de todo foco e determinação muitas das vezes não sentiremos a felicidade de maneira constante, porque dificilmente conseguiremos estar presentes de corpo e alma nos momentos de ócio e lazer. O fantasma do vestibular nos assombrará por todos os dias e noites, inclusive durante o período anterior à divulgação dos resultados.
           Durante o ano o ritmo tem que acelerar e manter-se, a cada dia que passa a responsabilidade aumenta, assim como também aumentam as fórmulas, datas, regras, normas, nomes e momentos históricos para serem guardados. A pulga parece estar se multiplicando por detrás das duas orelhas. O que mais me chateia ao conversar com os pré-vestibulandos é notar que eles/as praticamente nunca se divertem ao longo desse período.
        Imaginemos que você esteja prestando um curso bastante concorrido, você sabe que pra conseguir passar sua nota terá que ser altíssima. Para que isso seja atingido você deve estar com todo o conteúdo na ponta da língua, ter um bom controle do tempo para a realização da prova, e não deixar que algum sentimento “bobo” te incomode durante o(s) dia(s) de prova.
          A maioria dos estudantes deixa de buscar momentos de lazer de maneira a não dar margem para comentários futuros como: “Bem, ele não passou pois não deixou de ir nas festas com os amigos, não se deu por inteiro”. Isso intensifica uma auto cobrança prejudicial para o processo desse estudante, de forma que o que mais ouço dizer deles/as é que quando vão para algum momento de lazer, um churrasco, por exemplo, durante praticamente todo o tempo em que deveriam estar se divertindo estão na verdade pensando em uma prova no final do ano, deixando de apreciar os momentos que fazem a vida valer a pena, já que naquele momento talvez possa estar comprometendo todo o esforço até então. Viver uma vida regida pela lógica do vestibular é perder um precioso tempo da vida de exploração das potencialidades humanas, como já citado anteriormente, somos seres inacabados, em constante formação (Paulo Freire).
Para que essa “formação” se dê de maneira plena e saudável é necessário termos tempo adequado para nos sentirmos, tempo para desenvolvermos habilidades artísticas, tempo para que possamos nos conhecer e nos entendermos e não esse “não tempo” para o amor, que em nossa sociedade infelizmente não nos é proporcionado somente pelo vestibular.
É necessário revolucionarmos todo o nosso sistema educacional, para além das mudanças no vestibular, de fato, acredito que tivemos avanços como a adoção das cotas, mesmo que ainda seja necessário avançarmos na concretização das cotas raciais, com a ampliação das vagas e o SISU, a entrada nas universidades federais ficou “menos difícil” e propiciou uma nova conformação no corpo discente das universidades, trazendo mais diversidade de pensamentos, comportamentos e, o mais importante, diversidade de realidades.
         O espaço “público” das universidades públicas brasileiras continua sendo “privado” para grande parte da população menos abastada. Na ESALQ, por exemplo, quase 70% d@s ingressantes de 2013 estudaram em escolas particulares durante o ensino médio. Políticas afirmativas se fazem necessárias para que a universidade seja ocupada por grupos que ainda não se beneficiam desse direito, que no Brasil é um privilégio. Em minha opinião o vestibular é um mecanismo para barrar a entrada das pessoas nas universidades, e claro, não de todas as pessoas, mais do que isso, o vestibular já nos molda para o modelo de universidade que não priorizará o desenvolvimento de um senso crítico, não promoverá grandes reflexões e nos empurrará para uma lógica especialista que mais uma vez, não explorará nossas potencialidades humanas."

“Ei, irmão, nunca se esqueça
Na guarda, guerreiro, levanta a cabeça, truta
Onde estiver, seja lá como for
Tenha fé, porque até no lixão nasce flor” – Racionais MC’s Vida Loka PT.1


Condorda? Discorda? Mande sua opinião!

Um abraço a todos

10 fevereiro 2014

Pegadas pré-históricas...

Olá pessoal,

O post de hoje é sobre um assunto bem bacana que nós, aqui do SNE, gostamos bastante: arqueologia! Simbora com a gente conhecer um pouquinho mais sobre as nossas origens:

Algumas pegadas humanas, feitas há 800 mil anos atrás, foram encontradas na Inglaterra. E foram classificadas como os rastros mais antigos de passos humanos já descobertos fora do continente africano. 
Essas pegadas de adultos e crianças foram encontradas à beira-mar em Happisburgh, no lodo de um antigo estuário.

Pegada humana (Foto: Martin Bates)

Atualmente, existem apenas dois locais onde foram encontradas pegadas mais antigas, e ambos estão na África: em Laetoli, Tanzânia, onde foram encontrados rastros de 3,5 milhões de anos, e em Koobi Fora, no Quênia, onde os rastros datam de 1,5 milhão de anos atrás.

Os pesquisadores descobriram pegadas durante a maré baixa e se apressaram em fotografá-las, antes que o mar as apagasse. Depois reconstituíram as imagens em 3D e conseguiram identificar que eram de adultos, além de algumas menores, que provavelmente pertenciam a crianças.

"É claramente uma célula familiar, em vez de um grupo de caçadores", declarou um dos pesquisadores, que considera que esses ancestrais mediam entre 90 cm e mais de 1,70 metro. No entanto, não se sabe a identidade exata dos humanos que deixaram essas pegadas. Eles podem estar relacionados a um povo de um período semelhante encontrado em Atapuerca, na Espanha, relacionado à espécie Homo antecessor, ou o "homem pioneiro".
Foto: Martin Bates

O Homo antecessor, aparentemente extinto na Europa há 600 mil anos, talvez tenha sido substituído pela espécie Homo heidelbergensis, seguida pelos Neanderthais, de cerca de 400 mil anos atrás, e pelos humanos modernos, que povoaram a Terra há por volta de 40 mil anos.


Bacana não?! Espero que tenham gostado...

Beijos

Josi