29 março 2011

E lá vem água...

Olá pessoal,

Hoje vamos falar de algo um pouco diferente de terremotos e afins, vamos falar um pouco sobre as enchentes.

A enchente não é sempre algo ruim, muitas vezes anunciado de forma trágica em jornais na televisão, nos quais sempre vemos cidades inundadas, pessoas e animais ilhados, casas com água até o teto e coisas assim. A enchente na verdade é um fenômeno natural que geralmente acontece em todos os rios. Na época das chuvas os rios enchem e alagam  a área ao redor, a qual é chamada de planície de inundação. Geralmente isso é bom, pois ocorre um acúmulo de material orgânico nessas áreas quando a água abaixa, o que é muito bom para o plantio. Não é a tôa que as maiores civilizações se iniciaram as margens de grandes rios como o rio Nilo (Egito) e rios Tigre e Eufrates (na antiga Mesopotâmia).

A: Rio Nilo; B: Rios Tigre e Eufrates; C: Vale do Rio Indo; D: Rio Huan-Ho
 Enchente ou cheia é, geralmente, uma situação natural de transbordamento de água seu leito natural, qual seja, córregos, arroios, lagos, rios, mares e oceanos provocadas geralmente por chuvas intensas e contínuas. A ocorrência de enchentes é mais frequente em áreas mais ocupadas, quando os sistemas de drenagem passam a ter menor eficiência.

Mas a ação do homem mudou o curso natural das coisas...

Enchente do Rio Piracicaba em 2011
Começamos a tirar a vegetação e a construir casas nas margens dos rios, assim as enchentes viraram então um enorme problema. E pode piorar muito quando temos a "impermeabilização do solo". Ela ocorre quando o solo perde a capacidade de absorção da água. Este processo acontece principalmente nas cidades.
Os processos de cimentação, asfaltamento, calçamento de ruas e calçadas e outros, como a própria construção das edificações, formam uma espécie de capa sobre o solo, impedindo que a água fique em contato com este e assim possa ser absorvida.

Alguns dos efeitos sentidos com este processo são o aumento das enxurradas nas cidades nos dias de chuva. Como a água não é absorvida pelo solo como deveria ocorrer normalmente, estas enxurradas chegam aos rios em volumes muito maiores do que sua capacidade natural de escoamento, causando enchentes e transbordamentos em dias de fortes chuvas.
Outro efeito trazido pela impermeabilização do solo é que a água da chuva não penetra no solo não alimentando os lençóis freáticos, afetando assim a realimentação das águas das bacias hidrográficas.

 Bom pessoal, espero que tenham gostado....logo teremos os posts sobre os "experimentos" que temos aqui na nossa querida Estação do Solo na Escola...

Beijos a todos...

25 março 2011

Aquecimento Global

Olá pessoal
Um dos principais tópicos de pesquisa hoje no mundo está relacionado ao aquecimento global. Este fenômeno vem sendo discutido durante anos, com mais ênfase desde a ECO-92 no Rio de Janeiro, passando pelo polêmico Tratado de Quioto, ratificado no ano de 2005. Não pretendemos aqui apresentar o conceito de aquecimento global e efeito estufa, já que são assuntos muito bem divulgados. Se necessário, podemos fazer um post a respeito.
Como dica, vocês podem assistir o documentário “Uma verdade inconveniente” (An inconvenient truth), onde o “quase-futuro” presidente norte americano Al Gore apresenta os conceitos. Apesar de ser amplamente divulgado, existem pesquisadores que afirmam que o aquecimento global  é um fenômeno natural. Para ter esta visão, outra dica é o documentário “A grande farsa do aquecimento global” (The great global warming swindle). Assistam com olho crítico, pois cada um tem seus prós e contras. 

Mas, falando de solo...como ele pode influenciar o aquecimento global? Seria uma fonte ou um sumidouro de gases do efeito estufa?

Estaria o solo do "lado negro" da força?
 O solo é, naturalmente, um grande reservatório de carbono. Seja em formas mais disponíveis para o consumo de microorganismos, ou em frações mais estáveis, o solo mantêm um equilíbrio constante de emissões e sequestro de carbono. Este equilíbrio dinâmico é quebrado quando ocorre uma perturbação no sistema, como por exemplo, o desmatamento. O carbono deixa de  ser incorporado ao solo, e os microorganismos iniciam o consumo do carbono "guardado" no solo...nesta situação, o solo se torna um grande emissor de gases para a atmosfera.

Porém, existem algumas situações em que os solos podem agir como um grande captador de carbono. Um exemplo são pastagens bem manejadas. Já foram realizados estudos que provam que a taxa de estoque de carbono em pastagens é igual ou maior que em ambientes nativos, podendo assim aumentar a reserva de carbono no solo e ser até considerado um agente que evita emissão de gases do efeito estufa.
Na verdade, a resposta para a pergunta acima é a clássica resposta do agrônomo: “Depende”. Depende de como o solo é manejado. Além dos exemplos acima, podemos citar a cultura do arroz alagado, que é um grande emissor de metano para a atmosfera, devido ao processo de metanogênese (produção de metano) ocorrido em ambientes alagados, ou ainda o uso de fertilizantes nitrogenados, que se usados de maneira incorreta pode aumentar emissão de óxido nitroso para a atmosfera.
Cultivo do arroz alagado
Estes exemplos mostram como o ser humano pode influenciar e tornar o solo um “vilão” ou “mocinho” quando estamos falando sobre o aquecimento global.  Pra terminar, eu citaria um trecho de um discurso do microbiologista francês René Dubois: “A Terra não pode ser vista nem como um ecossistema a ser preservado inalterado, nem como um canteiro para ser explorado por razões egoístas e econômicas de curto prazo, mas como um jardim a ser cultivado para o desenvolvimento das próprias potencialidades da aventura humana”
Um abraço a todos

21 março 2011

Ondas Gigantes!

Olá pessoal
Terminando a série sobre o terremoto no Japão, agora vamos falar um pouco sobre Tsunamis (aquilo que os japoneses realmente tem medo!)
Um maremoto (conhecido como Tsunami – do japonês “onda de porto”) pode ter diversas origens, entre elas erupções vulcânicas, deslizamentos de terra e, mais comumente, terremotos oceânicos. O terremoto pode desencadear uma avalanche submarina, que movimenta a água com grande força. Estes tremores geralmente são gerados quando placas tectônicas convergentes movem-se abruptamente e deslocam a água subjacente. O resultado é a formação de ondas que são propagadas da mesma maneira quando se joga uma pedra em um rio. Veja o vídeo abaixo:
O título do post pode enganar. Na verdade, um tsunami tem pequena amplitude, ou seja, o tamanho da onda não é grande, quando em alto mar. Porém, em águas mais rasas as ondas podem alcançar alturas gigantescas. Já foi registrado a costa dos EUA ondas entre 10 a 18 metros! O que determina o tamanho do tsunami é a declividade da plataforma continental. Quanto maior a declividade, maior a tsunami.

Cientistas oceânicos trabalham atualmente e buscando recursos estruturar um novo sistema de monitoramento dos mares, que possa fornecer alertas à população quando eventos como estes ocorrem. Este monitoramento não serviria apenas para este propósito. Além de tsunamis, poderiam ser monitorados também, por exemplo, o sistema de mudança das monções. Já existem algumas estações para “previsão” de tsunamis. Estas estações consistem em um equipamento que fica no fundo do oceano e detecta a passagem de um tsunami. Imediatamente, essa informação é transmitida para uma bóia na superfície, que re-transmite a mensagem para satélites.


No caso do Japão, a tsunami foi gerada devido ao terremoto de escala 9 (veja o post anterior) que ocorreu. Outra tsunami famosa foi a da Indonésia, em 2004, também resultado de um maremoto, desta vez no oceano Índico, também de escala 9.
Com este post, terminamos nosso “especial Japão”. Claro que ainda temos algumas cartas na manga...rs. Novos posts já estão sendo preparados, temos uma lista de assuntos que ainda queremos tratar. Caso tenha alguma idéia de um tema que a gente possa tratar aqui, mandem comentários, sugestões, críticas, entre outros!
Um abraço a todos

17 março 2011

A Terra tremendo!

Olá pessoal
Como prometido, seguimos na nossa “série especial” sobre o acidente no Japão. No post anterior mostramos como um terremoto é medido, mas faltou falar o que é um terremoto! Esse é o nosso objetivo agora.
Para começar, temos que inserir o conceito das placas tectônicas. Estas placas são porções da litosfera, e atualmente a Terra possui 7 placas principais, além de outras inúmeras subplacas. É como se a litosfera fosse uma casca de ovo, cheia de falhas. Existem dois tipos de placas: as divergentes (se afastam uma em relação às outras) e as convergentes (uma se move na direção da outra). No local onde uma placa se encontra com a outra se registram o maior número de terremotos e erupções vulcânicas.

Um terremoto é uma vibração, produzida pela rápida liberação de energia dentro da crosta terrestre, quando há um deslizamento entre uma placa e outra. Este é o foco do terremoto, que geralmente fica a dezenas de quiilômetros do epicentro, o local na superfície diretamente acima do foco.


Mas qual a causa de um terremoto? A principal teoria é a do “elastic rebound” ( do inglês repercussão elástica). Esta teoria está relacionada à energia elástica gradualmente armazenada dentro das rochas durante o movimento das placas, sendo liberada rapidamente.



O terremoto no Japão teve seu foco 24 km (considerado baixo!), sendo seu epicentro o Oceano Pacífico, a 130 km da península de Ojika. Felizmente, essa é uma área de baixa densidade populacional (coisa rara no Japão).  O Japão está localizado numa área de contato entre placas tectônicas (entre as placas Euro-Asiática, Filipinas e do Pacífico), e se não fosse um país preparado para eventos como este, o desastre seria bem maior. Para se ter uma idéia, este terremoto de magnitude 9,0 (4º maior da história) teve como consequencia 5429 mortos (informação de 17/03/2011), enquanto no Haiti em 2010, um terremoto de magnitude menor  (7,0) vitimou 75 mil pessoas!
Mas, como disse um amigo nosso (que é japonês!): “Japonês não tem medo de terremoto, tem medo de tsunami!.” Por isso, nosso próximo post é sobre tsunamis...aguardem!
Um abraço a todos

11 março 2011

Medindo terremotos!!

Olá pessoal

Devido aos eventos ocorridos no Japão nesta semana, vamos preparar um “especial” sobre terremotos e tsunamis. Pra começar a entender melhor estes processos, vamos discutir primeiramente como os terremotos são medidos.

Os terremotos são mensurados por meio de sismógrafos, instrumentos que registram ondas de terremotos. O registro destas ondas encontra-se no sismograma (Figura 1). O mais antigo sismógrafo foi encontrado na China e data de 132 DC.
Figura 1 - Sismograma

Para se medir a magnitude de um terremoto foi desenvolvida uma escala mundial, a Escala Richter, que surgiu em 1935, idealizada pelo sismólogo americano Charles F. Richter. Esta é uma escala logarítmica onde cada aumento no grau da escala corresponde a um aumento de 32 vezes na energia do terremoto. Por exemplo, um terremoto de magnitude 6 é 32 vezes mais potente que de magnitude 5 e mais de 1000 vezes mais forte que um de magnitude 4!

Escala logarítmica Ritcher

Outra escala, a de momento sísmico, é baseada na quantidade de movimento ao longo da falha que gerou o terremoto. O maior terremoto já registrado até hoje ocorreu no Chile, em 1960. A magnitude descrita foi de 9.5! Na tabela abaixo pode-se observar as diferentes magnitudes dos terremotos, relacionados com sua descrição e estimativas de ocorrências por ano.




No próximo post vamos discutir um pouco mais sobre a formação dos terremotos e tsunamis do ponto de vista da tectônica de placas..aguardem!

Um abraço a todos

08 março 2011

De cara nova!

Olá pessoal,

O post de hoje é bem curtinho, apenas pra conferir se vocês gostaram das mudanças que aconteceram aqui no blog do SNE.
Ele agora está mais completo e mais bonito também....e conta com algumas novidades bem legais.
Em breve teremos uma seção inteira com as descrições das demonstrações e experimentos que temos em nossa querida Estação do SNE.
Lembrando que esse é um espaço interativo, no qual contamos com os comentários e opiniões de vocês. Se quiserem divulgar, fiquem à vontade! Afinal um dos nossos intuitos é levar o conhecimento e a importância do SOLO às nossas vidas...
Espero que vc tenham gostado das novidades...

Beijos a todos!

01 março 2011

Deslizamentos!

Olá pessoal,
Quem escreveu o post de hoje foi o André, vale a pena dar uma olhadinha com calma:

"Recentemente todos ficamos impressionados com os deslizamentos ocorridos no estado do Rio de Janeiro. Porém, o que do ponto de vista humano foi considerado um “desastre”, do ponto de vista do solo não passa de um evento natural. O deslizamento refere-se a um movimento de massas em que as rochas e sedimentos se soltam de um leito de rocha estável ao longo de uma zona diferente de fraqueza. Seria possível pensar em algo como um cartaz colado na parede com fita adesiva. Ele ficará preso, a menos que forças externas atuem sobre ele. Mas se um peso extra for colocado no cartaz, ou se a fita que o prende molhar, a conexão ficará fraca e ele cairá.



Mas porque um deslizamento de terra acontece? A superfície da terra consegue se manter intacta devido à atuação de várias forças, sendo a principal delas o atrito. Todos os relevos são formados pelo atrito entre a capa do sedimento e o leito de rocha, alguns mais presos que outros. Os deslizamentos ocorrem quando a gravidade supera a força do atrito. No caso do Rio de Janeiro, a água foi o agente que provocou a disparidade de forças e consequentemente iniciou o deslizamento. A água reduz o atrito entre o leito de rochas e o sedimento, e a gravidade faz os detritos rolarem para abaixo. Nos solos arenosos e argilosos, um pouco de água pode aumentar a estabilidade. Provavelmente você já viu isso ao fazer castelos de areia ou brincar com argila. Entretanto, água em excesso faz com que o sedimento escorregue, o que explica a ocorrência de muitos deslizamentos depois de tempestades. Existem também outros fatores que podem desequilibrar estas forças, como incêndios (morte das raízes e perda da estabilidade do solo), terremotos (vibração da crosta terrestre) e atividades vulcânicas (superfícies instáveis, deslizamento de lava).
Os seres humanos podem alterar o curso natural destes eventos, deixando os deslizamentos mais propícios. Atividades como desmatamento, mineração e construção de estradas podem causar danos à estrutura do solo. Provavelmente, andando por uma estrada você já deve ter reparado em placas de sinalização que mostram pedras caindo de montanhas. Nestes locais, os declives acentuados com solo solto precisam de muito menos água para iniciar um deslizamento que em declives naturais.
Pouco pode ser feito para se evitar um deslizamento, porém algumas atitudes podem ser tomadas para prevenir este evento. No caso do Rio de Janeiro, além de atitudes preventivas, havia outras informações adicionais. Em junho de 2004, o Instituto de Geociências da Universidade Federal Fluminense (UFF) entregou à prefeitura um mapeamento com todas as áreas de risco de Niterói. No documento, o Morro do Bumba, onde ocorreu o grave deslizamento, era apontado como uma região de “extremo risco”, onde facilmente poderiam ocorrer desastres devido ao fluxo de detritos acumulados no solo. Outro estudo mais recente, concluído em 2007, apontou 142 pontos de risco em 11 regiões da cidade.


Créditos: AFP

Já existem modelos para a previsão destes eventos extremos. A metodologia para alertar sobre riscos de deslizamentos é baseada em mineração de dados (ou data mining), a exploração de grandes quantidades de variáveis em busca de padrões consistentes. Com uma rede bastante densa de pluviômetros e estações meteorológicas, esses modelos poderiam ser usados para indicar não somente riscos de deslizamentos, mas também de enchentes, descargas elétricas e quaisquer outras catástrofes induzidas por fenômenos meteorológicos.
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) produziu um vídeo com imagens de satélite do International Charter Space & Major Disasters.


Nesta animação em 3D pode-se verificar a magnitude dos deslizamentos ocorridos no Rio de Janeiro, nos diversos pontos do estado que sofreram com a disparidade de forças no solo provocadas pela água."

Espero que tenham gostado...

Beijos a todos!